Olho de Vidro
Eu tenho um olho de vidro
É nele que vejo tudo que não vejo
As coisas que eu não quero
As que me consomem
Eu tenho medo do escuro
Esse escuro fardo que é minha solidão
Que me corrói dia a dia
Deixando um buraco escuro e eterno
Com dor e vazio
Com peso e cansaço
Eu tenho a impotência ante as coisas
Ante a violência
Eu tenho raiva!
Eu odeio esse mundo
Eu me odeio por inteiro
Quando me vejo caindo
Consciente de minha queda
E eu tenho fome de amor
E eu tenho sede de afeto
E eu fissuro por algo dentro de minh’alma
Que preencha o vazio
Que mate minha sede
Que alimente minha fome
E erro mais uma vez
Por querer aquilo que não posso
Que não devo
Mas que necessito de alguma forma
Farto e trôpego dos dias
Embevecidos de falências
Eu não sei o que faço
Pra aliviar essa mágoa
Antiga mazela que me maltrata
E me mata devagar
Saboreando cada sorriso plástico
Do meu olhar vazio
Estou fenecendo
No amargor de minhas ilusões
Eu apodreço
Porque fétido é o meu âmago
Fui um menino algum dia
Nunca tão feliz
Mas ainda não consciente
De minha degradação
Há alguém que me salve?
Há esperança pra mim?
Se há, onde estará?
Ó meu Deus, eu quero tanto viver!
E como cadáver eu me decomponho
Sem me mover
Sem respirar
Diga aos vermes que eu hoje rastejo
Diga às aves que eu já não voo
Diga ao pó que em breve retorno
Pro céu ou inferno de mim
07/05/2014
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