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O toque da chamada. O peso da espera. Em seguida o "deixe seu recado". A culpa e a solidão se misturam em agonia. O relógio passa as horas lenta e irrevogavelmente. Tudo é torpor. Minha cabeça pesa. A insistência em agonia. E de novo o "deixe seu recado" cru. Meu coração pesa esmagado. Cada pulsar de existência morta de mim pesa nos meus batimentos, lentos... sofridos... E agora? Não sei mais de nada. A irrealidade se mistura com essa vida estranha. Essa vida sem Deus, sem Pai, sem Irmão, sem Amigo, sem Amor. São sintomas de perda, miséria e caos. E de novo a espera e confirmação. Eu estou sozinho. Sinto a solidão com toda sua força. Todo meu distúrbio. E escrevo. Escrevo porque me leio e me descubro enquanto escrevo. Cada palavra uma lágrima. Cada lembrança um soluço. A insanidade me deseja ávida. E eu permaneço. Eu saboreio meu sofrimento. Eu mereço meu sofrimento. Sou réu confesso. Sou alma penada, espírito inferior. Eu vago sem rumo. Onde está aquele Norte antigo? Eu quero me entorpecer mas o entorpecimento não me absolve, não me aceita. E eu continuo na força de estar aqui, rastejando em vida, pois não vou desistir... Mas não sei de nada, estou cego. Estou lucidamente perdido...
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