Conversa franca com meu velho Amigo - 10
Eu não sei mais por qual nome devo lhe chamar. Não sei se
Deus, Jeová, Jesus, Oxalá, Shiva, Yeshua, Jesus, Alá, Tupã, Sol, Lua, Terra,
Universo, Cosmos, Mãe Natureza, Força, Vida, Energia. Não tenho certeza mais
quem é Você dentro de todos esses contextos e conceitos. Não sei se é o Bem ou
o Mal, ou se é os dois, o Yin Yang. Não sei se é preto, branco, transparente,
nem se é Ele ou Ela, ou nenhum dos dois. Não sei se vive como um espectro, ou
se tem forma humana, se é gigante ou se é pequeno. Não sei se é Evolução,
Criação, Verbo, Espírito. Entretanto sei que existe.
Não posso negar que algo maior que eu exista. E sei que
se comunica comigo e me conecta com tudo e todos. Venero-te desde minha pequenez.
Não sei se fiz isso pelos nomes ou meios certos. Não sei se ainda faço de forma
certa ou errada. Não sei se preciso fazer algo. Mas tenho a necessidade de Te
amar imensuravelmente. E acho estranho que quanto mais tortuoso e confuso é meu
caminho, mais meu ser converge para o seu EXISTIR como algo inevitável. Particularmente,
prefiro chama-lo de velho Amigo. Gosto dessa palavra! AMIGO, acho que te
descreve bem na minha vida. Não tenho muitas certezas atualmente como pode
perceber, mas sei que EXISTE, pois ainda te sinto VIVO dentro e fora de mim.
Tudo que eu fiz durante toda minha vida, foi te entregar
a única coisa que eu tinha, eu mesmo. Agora não sei exatamente se me tem ou se
eu me tomei de volta. Não se se Você é mono ou poli. Não sei se Te alcanço por
vários caminhos ou por um único absoluto. Nem sei mais qual arquétipo é o Teu.
Amigo, porque eu sou tão paradoxal? Porque Te vejo sem
ver? Porque Te faço racional na minha irracionalidade? Ou seria ao contrário? Queria
ter mais certezas. Talvez se as tivesse, também encontraria a confiança de
estar em paz. Mas como posso estar em paz com todo esse turbilhão de
questionamentos?
Não acredito mais em pessoas que são muito detentoras da
Verdade só porque possuem a certeza de que um livro (que pode ter sido
historicamente manipulado) é o oráculo divino.
Perdi a vontade de acreditar em uma fé superfaturada como
produto de luxo da Times Square, ou de
participar de pré julgamentos morais hipócritas de uma sociedade patológica e
criminosa.
Eu acredito na beleza aterradora que essa vida me dá.
Amigo, essa vida dói tanto em mim! Dói toda sua beleza aterradora. Toda sua
contraditoriedade infinita. E eu te sinto em tudo e todos. Como parte
integrante de cada átomo da existência. Você é porque é! Porque está lá. Porque
existe sei lá sob quais circunstâncias ou ausência de circunstâncias. O
alfa-ômega da minha perecível carne. A convicção de todas minhas dúvidas. Você,
meu Amigo, é todo Amor que existe em mim. Toda iluminação que tive até hoje foi
Tua. Porque Você me criou – independentemente de formas – assim, cheio de “porquês”,
incompreensões e percepções.
E não tenho um fim para isso hoje. Porque não há fim
nesse texto que Te escrevo. Pois se escrevo, é porque minha boca não pronuncia
mais o que meu coração joga fora líquido e salgado, pelas órbitas-janelas da
minha alma.
Do meu existir para o Teu.
Amo Você!
Bruno Serdera
10/04/14
Comentários