A Mulher de Vermelho
E ela veio como num sonho, deslizando lentamente na minha direção. Seu olhar serpenteava lascivo em mim e sua pele, branca-rósea, emitia uma luz quente e convidativa. Sua expressão era de uma casta meretriz e naquele vestido vermelho, ela pairava como uma ninfa em seu místico esvoaçar. Quando estava a poucos centímetros do meu corpo, pude sentir o aroma da sua pele, um frescor de rosas, verão e canela. Quando toquei sua pele leitosa e macia, como em miragem, vi seu decote, seus seios cálidos e jovens, seu colo morno e receptivo. Quando sua boca tingiu meu pescoço de vermelho e seu hálito quente sussurrou, cadenciando em meu ouvido intenções inferno-celestiais, enrijeci em arrepios. Em segundos o sangue ferveu minhas artérias e todo meu corpo, num impulso animal, desfez as amarras carmins do seu vestido. Com paixão urgente, de corpos desnudos e luzentes, damo-nos mutuamente ao prazer de sermos um só. Tendo a lua nos cobrindo com seu manto prateado e a relva macia como leito. Depois não me disse seu nome, foi-se como veio. Com o cabelo desgrenhado, em seu vestido de fogo, desfez-se como fumaça. Sem nome, sem endereço, sem identidade.



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