Conversa franca com meu velho Amigo – 9
Eu não entendo o “porquê” de muita coisa. Uma delas é a
minha sensibilidade. Porque eu tenho tanta sensibilidade pra perceber detalhes
que ninguém percebe se isso não me ajuda em nada? Eu nunca consigo fazer
ninguém feliz com as coisas que eu percebo. Pra que tanto amor? Pra que tanta
bondade, se no final isso não faz diferença alguma? Estava falando com Van no
telefone esses dias sobre isso quando passei em frente ao ponto de ônibus com
uma frase do Victor Hugo: “Vós que sofreis porque amais, amai ainda mais.
Morrer de amor é viver dele. A medida do amor é amar sem medidas.” O mais
irônico é que eu estava exatamente nessa hora, questionando o porquê de eu ter
tanto amor no meu coração se eu só sofria com isso. Óbvio que percebi que o
Senhor estava se comunicando comigo. Mas Deus, na boa, quero saber porquê eu
tenho que passar por isso tudo? Isso dói muito. Legal! Eu já sou grato por ter
voltado pra minha própria essência – eu tava meio perdido -, mas tinha
esquecido como dói amar, às vezes. É maravilhoso e doloroso ao mesmo tempo. É
uma contradição, eu sei! Mas dói amar tanto!
Você sentir a dor das pessoas e não poder fazer nada pra que elas tomem
as decisões que as farão felizes. Isso é muito cruel! Eu não queria saber de
nada disso. Pra que eu vou saber das coisas se não tenho o domínio sobre elas?
E são noites insones. Sonhos estranhos. Preocupações e
lembranças diurnas. Qual o propósito dessa “vigília” toda? Eu posso ainda fazer
algo? Se eu posso, por favor, me mostre!! Sou todo ouvidos! Perdoe minha falta
de fé com algumas coisas. Mas é que não consigo ver o motivo! Preciso da tua
ajuda! E quando eu choro? E quando eu sou manipulado por sentimentos ruins por
causa do meu amor? E quando estou mais fraco do que os outros? O que devo
fazer? Eu só tenho o Senhor! Eu sei que Você está comigo, mas mesmo assim, a
minha humanidade me deixa com medo. E se eu estiver fazendo alguma coisa
errada? Aliás, estou fazendo alguma coisa errada? Mostre-me! E eu não tô
falando do que eu já sei. Tô falando... – Ah, o Senhor sabe do que eu tô
falando!
Deus, esses dias eu tava ouvindo aquela musiquinha da
Helô no ônibus. Eu lembro de ter chorado porque o refrão dizia: “Quero sentir
Teu amor. Quero sentir Teu amor. Ó Paaaaiiiii!” Mas é isso, é amor muito
grande! Eu quero sentir e entender o que eu sinto. Talvez seja esse o meu
problema. Talvez eu não possa entender a grandeza do que eu sinto. Talvez eu
não deva entender. É que é tão difícil agir por uma fé irracional, ou seja, que
contraria minha própria lógica humana. Deus, me dê paz para continuar.
Aponte-me a direção! Dê-me um norte mais uma vez. Eu não tenho a quem recorrer.
E mesmo que tivesse, a quem recorreria que pudesse entender desse assunto? Eu
não conheço outro alguém. O outro “alguém” que conheço não pode e não tem esse
assunto em pauta.
Deus, agora mais sério ainda, sei que não posso ir em
algumas coisas daqui pra frente. Mas o Senhor pode. Por favor, vá aonde eu não
posso ir. Toque aonde eu não consigo alcançar. Arranque os grilhões que eu não
consegui arrancar. Eu sou muito fraco, mas o Senhor não é! Por favor Deus!
Ajude-me com isso! Pelo amor que eu tenho no meu coração eu te peço isso! Eu
não ACEITO ver tanto potencial jogado no lixo. Não aceito ver cadeias prendendo
quem eu amo. Não vou TOLERAR amarras bem arquitetadas para a infelicidade de “partes
da minha alma” – sim, pois quem eu amo é uma parte da minha própria alma. Então,
por favor Deus! Salve esses pedacinhos tão preciosos da minha alma. Salve-os
Deus! Só o Senhor tem esse poder! Salves
das magias contrárias. Salve-os da escuridão. Salve-os do ódio e da opressão.
Salve-os da revolta que prende. Salve-os Deus! Por favor, eu te peço! Peço com
todo amor do meu coração! O Senhor sabe que eu não escrevo à toa. O Senhor sabe
que isso aqui não é brincadeira. Toda minha força está nessas palavras! Tudo o
que sou está aqui disposto e acessível a Você! Eu não oro por mim agora. Eu oro
pelos “pedaços da minha alma” que estão sofrendo. Oro com a sofreguidão do meu
próprio sofrimento ao perceber o sofrimento daqueles que amo. Por favor, me
ouça! Leia-me Deus! Mesmo se eu não tiver tanta fé! Mesmo que os meus
subterfúgios da escrita não convençam nem a mim mesmo. Deus, me atenta! Tenha
misericórdia daqueles que amo! O Senhor é o único amigo que eu tenho que tem o
poder de fazer isso! Ajude-me!
Deixo meu pedido com todo amor que me restou.
Amo Você Deus!
Bruno Serdera
13/11/2013
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