Desolação
Fadado meu peito ergue-se das sombras
Do meu leito que pesa o teu silêncio
E se sufoco nessa madrugada fria
É por ti que me assombra o sono
Quem velará minha noite triste?
Pois Solidão de prontidão me espia
Ao meu pé, minha amante se faz
Forçando-me a coabitar sua luxúria
Deus meu, porquê me desamparaste?
Em meu suplício de aflito coração
Que de penar já não aguenta o pulso
De grito surdo d'alma ferida em chaga
Para o diabo teu fantasma belo!
Pois de ti não posso ter mais nada
Fico com tuas palavras quentes
Com teus abraços e tua memória
Infeliz sou ao recordar-te insone
Maldita seja a tua ciência
Teu capricho de bruxo ladrão
Pois o meu peito ainda pende vazio
E do verme que come meu amor vivo
Degluta-o por inteiro!
Para que não sobre a dor, nem desespero
De desolado existir enfermo
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