Clariceando a monotonia da brevidade do tempo...

Se arrumar todo dia. Sair. Encontrar pessoas. Conversar. Rir. Beber. Beijar. Brigar... Socializar com pessoas e manter um nível de relacionamento com todas elas... Isso pode ser uma forma de escapar de você mesmo durante muito tempo. Mas uma hora a sua consciência te cobra a sua sanidade de volta. Essa sanidade que te aponta o Caminho. Sim, eu sei. Talvez você não entenda o que eu quero dizer. Talvez nem precise mesmo entender. É difícil entender a falta do meu EU interior. Aquele que fui um dia. Aquela pessoa diferente... Talvez o sentimento de amplidão dentro de mim tenha sido aguçado por um fato muito triste que ocorreu hoje. Eu soube da morte de um menino de 23 anos. Eu nem o conhecia. Mas é amigo de um amigo meu. E só de imaginar que a vida se esvai tão facilmente, me dá um gelo dentro de mim. A brevidade de ser temporal. Isso é um pouco assustador às vezes... Saber que meus argumentos de fé. Que meu conjunto de coisas que só posso provar para mim mesmo, por causa da minha própria experiência, não me levou a uma compreensão maior desse momento de perdição em que me encontro. Juro que me sinto muito "Clariceano" às vezes! Sinto como aquela G. H que viu o divino na gosma branca da barata esmagada. E entendeu que a barata bem poderia ser ela, ou não. Assim me sinto eu em todas as coisas que vivo. Num vazio cheio de coisas. E num preenchimento vazio de universos superficiais. Quanto mais eu brigar, mais eu vou correr pra longe. Mas eu quero sempre correr... É a vida fria que corre em mim... Como posso socorrer a mim mesmo de meu maior vilão que sou eu? Eu hipócrita que sei de minhas verdades e não as uso. Antes maqueio minha miserabilidade com festins babilônicos. Antes me faço orgíaco em meus rituais satânicos, oferecendo o sacrifício do meu corpo. Sabendo e ciente de que isso não me proporcionará aquilo que mais desejo. A minha alma deseja e anseia por profundidade eterna. E eu sei que não a encontrarei assim. Mas meu Deus! Porque me desamparaste? Será? Acho que eu me desamparei...