Conversa franca com meu velho Amigo - 4
Sabe o que eu acho mais interessante nessa minha vida? A
graça que ela tem, uma graça impagável! Sabe a liberdade de andar todo suado
nesse calor pela rua, com meus headphones e sorriso louco? É exatamente disso
que tô falando! As pessoas que passam e me veem devem pensar “lá vai o garoto
retardado”. Mas é tão bom ser eu! É tão bom ter a
liberade de ser eu! Obrigado por essa graça Deus! Eu sei que é Você o
causador das alegrias mais sem noção da minha vida. Não pense que deixei de
prestar atenção no céu hoje. Eu vi aquele balão, aquelas nuvens e as cores que
o Senhor pôs lá pra que eu me sentisse tão eu. Sim, eu estou feliz! Há muito
tempo não me sentia tão amado! Um amor tão genuíno! Sabe, eu queria retribuir
esse amor, mas eu não posso Deus. Você é bom demais pra que eu consiga
retribuir. Mas o que é mais engraçado é que me sinto tão bem perto de ti. Eu me
sinto tão bem! Mesmo com todos os erros escrotos que eu cometo todos os dias,
mesmo querendo pecar desenfreadamente e sabendo que não consigo deixar de
sentir as coisas que sinto, eu me sinto TÃO AMADO por ti!
Eu voltei da casa de Mari hoje leve. Uma coisa pulsante e
tranquila estava dentro de mim, uma sensação de beleza interior. Ontem conheci
gente nova, isso foi bom. E por mais que eu me sinta como o protagonista de “As
vantagens de ser invisível” sei que só vou ser eu mesmo. Nunca mais tentarei
ser outro por causa de ninguém. Deus, quando eu vou ter aquele final feliz dos
filmes que eu vejo? Será que existe essa possibilidade pra mim? Não tô falando desses raros momentos
de iluminação psicológica ou espiritual (sei lá!) que eu tenho de vez em
quando. Tô falando de me sentir assim todos os dias. Como se eu fosse parte de
todo esse universo e me sentisse de alguma forma importante e ligado a ele. São
as coisas mais simples que me deixam feliz. É uma merda ser tão vazio naquela
parte que quer amor e atenção da minha alma. Lembra quando os funkeiros do
ônibus estavam agindo daquela forma “maravilhosa” que eu tanto “amo” e eu senti
um impulso assassino? Então, eu fiquei imaginando porque eu sou tão diferente e
porque não gosto de ser um “cristão normal”. Eu ainda não cheguei a conclusão
nenhuma, prometo que vou tentar trabalhar nisso. Sei lá Deus, acho que não
quero ser um “cristão normal” se isso significar ser um hipócrita robotizado e
sem personalidade. Cê me entende né Deus? Acho que o Senhor é o único que
consegue entender os meus pensamentos loucos...
Bom, eu não quero ser mais aquele tipo de “cristão” que
se dirige ao Senhor como “O Deus de Isaque, Jacó, Moisés e blá blá blá”. Não significa
que o Senhor não seja, sigifica que eu não quero ser igual à todo mundo. Isso é
tão clichê, entende Deus? Eu sei que o Senhor aceita todo mundo do jeito que é.
Mas acho que as pessoas (não todas) se perderam em sua religiosidade durante os
séculos se esquecendo do que era mais importante. Se o Senhor enviou Jesus para
que ele se aproximasse de nós afim de que nós fossemos próximos, porque eu
tenho que ser tão distante e ritualístico com o Senhor? Eu quero ser simples,
eu quero falar com o Senhor como eu falo com as pessoas que eu convivo. Afinal,
o Senhor não me conhece e está comigo até mais do que essas pessoas com quem
lido? Não entendo porque não posso ser do meu jeito contigo. Sei que matar os
funkeiros não é um pensamento lá muito “cristão” e o Senhor também os ama. Mas
eu confesso que eu senti essa vontade! Eu não fiz isso, mas senti essa vontade
e achei essa possibilidade muito engraçada! Depois fiquei rindo sozinho no
ônibus pensando em como eu sou anormal. Mas esse sou eu! Eu acho mesmo que o
Senhor tem senso de humor. A vida é tão engraçada às vezes. Porque a gente vive
mistificando as coisas?
Beijos Deus,
Te amo!



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