Metamorfose Ambulante
A grande flexibilidade de ser eu mesmo foi a descoberta
que me tornou livre de todos os estereótipos pré estabelecidos ao senso comum
da maioria das pessoas. A descoberta de que eu posso mudar de opinião.
Parece que, em geral, por uma “convenção” invisível, às
pessoas tem que ser firmes em seus argumentos e defendê-los veementemente por
toda vida sem nunca mudar de opinião. Na minha pequena cosmovisão, considero
esse ato como pobreza de espírito. Uma pessoa tem que ser flexível durante toda
sua vida. Eu não estou dizendo que deva-se mudar de ideias à todo momento, não
é isso. Estou dizendo que um indivíduo tem que estar aberto à mudanças, e mesmo
que não mude (por vontade própria, força maior ou por conveniência), tem que
dar margem para OUVIR as mudanças ao seu redor. Quando se muda de opinião,
caminho ou direção, digo para a vida e para mim mesmo que estou aberto a
mudanças ou em busca das mesmas. Não se muda de opinião sem a compreensão do
que se está fazendo, pois toda ação e atitude gera uma consequência.
Não gosto da postura de pessoas que estão “sempre
certas”, e apesar de admitir que sou um pouco assim, re admito que pareço mais
do que sou. Não para alimentar meu próprio ego – que também é existente -, mas para
dar a você com quem compartilho esse escrito, uma visão - por minha própria
visão – de quem eu sou realmente. Descomplicando isso em outras palavras, estou
dizendo que nem tudo que eu pareço realmente sou. Apesar de não concordar com
certas opiniões, às ouço todas e as avalio sempre. Entretanto há uma má
interpretação do fator OUVIR e CONCORDAR que gera uma série de discussões
infundadas e desnecessárias.
O ato de OUVIR tem mais relação com perceber as
informações que chegam até você. O ato de CONCORDAR depende da vontade e filtro
de valores e crenças de cada pessoa. É bem simples compreender isso: 1 – Há um
conflito de ideias opostas. 2 – O indivíduo A é confrontado pelo indivíduo B. 3
– O individuo A ouve o que o indivíduo B tem a dizer. 4 – O indivíduo A após
ter ouvido, concorda ou discorda com a opinião do indivíduo B. E aí está o
fator gerador de conflitos. Geralmente quando há discordância de opiniões entre
os indivíduos geram-se conflitos. São poucas as pessoas que compreendem pontos
de vista diferentes dos seus próprios. Interpretando essa diferença como rebeldia, inflexibilidade ou até mesmo orgulho.
Todo mundo tem direito de pensar como quiser, não
esquecendo entretanto, de respeitar o que é diferente do seu modo de pensar. Não
se impõem ideias por força. Há maneiras de expressar suas ideias com respeito
e, principalmente, com humildade para ouvir. Ouvir é um ingrediente fundamental
para tudo.
Ouvir uma pessoa, não significa que necessariamente você
fará tudo que ela quer. Isso é um erro banal que se comete. Ouvir significa
entender o que o outro pensa e mesmo sem concordar, respeitar a forma de pensar
do outro. E, à partir daí, geram-se relacionamentos saudáveis. Através do
respeito entre as pessoas que são diferentes. Se houvesse esse entendimento
simples entre os habitantes do mundo, com certeza não haveria guerras.
O que me torna livre é saber que eu posso discordar e
concordar com as coisas. Posso mudar de opinião, posso voltar pelo caminho que
entrei e não me faz mais bem. Tudo depende das escolhas que eu fizer e do
respeito que eu tiver com as outras pessoas que estão envolvidas nesse
processo. Isso não me faz cabeça dura, isso não me faz maior e nem menor que
ninguém. Somente aprendi a tomar decisões sem ser tão inflexível. Aprendi que a
vida não acontece à ferro e fogo do jeito que a gente acha. Tudo dá mais certo
quando temos o respeito e o amor necessário para decidir aquilo que queremos ou
não. E como bem cantava Raul Seixas, “eu prefiro ser essa metamorfose
ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. É óbvio que
para tudo existe uma exceção, mais aí já é outro assunto...
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