Amêndoas e Sal



Sentamos. A timidez aos poucos cedendo lugar ao desejo. Coloquei a mão sobre sua perna e senti a temperatura da sua pele: quente! Levantei-me imaginando como chegaria mais perto. Andei na areia fofa e olhei para o céu escuro. Era um brinde da noite aos meus sonhos. Estava sentado acima do meu nível num banco de concreto e perguntei se poderia sentar na calçada – entre suas pernas – e assentiu sorrindo de lado. Recostei-me em seu peito, sua pulsação veloz no passo da minha própria. E me peguei envolto nos seus braços. De repente já era fogo, descendo pelo ouvido até o pescoço num beijo cálido. E me senti, pela primeira vez, num filme romântico qualquer. Como se todos os clichês das ficções que absorvi durante minha vida, se resumissem naquele momento mágico. Virei-me e o beijei.

Depois de um longo minuto entre beijos, abraços, conversas e risos, decidimos andar um pouco. A areia entrava em nossos sapatos e era uma situação estranha. Uma típica noite de verão. E o marulhar do mar nos embalava em uma cantiga morna. Sentamos na areia. Seus olhos eram duas esmeraldas me fitando, refletindo a luz amarelada da avenida ao longe. Entrei numa espécie de simbiose; seu corpo era meu corpo, sua boca era minha boca, e quando percebi estávamos sujos de areia, mas não nos importávamos com isso. Sua boca era minha e o meu abraço era seu.

Tudo transcorreu rápido – ou foi o tempo que voou? – E me vi no calçadão em direção aos nossos destinos. Tudo com cheiro de amêndoas e sal.

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