Levado



Talvez o que falte seja o óbvio escondido debaixo dos meus olhos. Aquilo que é latente como veneno nas veias. E deva-se ao fato de desejar com toda a avidez de um condenado. E não há mais o que se pensar se o que penso é o que realmente é. E se serpentes se aninham dentro do meu coração, o que mais farei? Estou atado como alma penada. Estou cativo de meus desejos. Sou o algoz da minha sorte. Não há clamor que me absolva! Não a lágrima que me liberte...

Há um peso de uma morte seca sob meus ombros. Morte simples e sem firulas. Morte dessas que não levam à nada a não ser à mais morte. Estou na teia, sufocado por gritos abafados. E quem será o predador da minha essência vital? Quem consumirá o invólucro da minha construção existencial? Eu caio em círculos nos submundos de mim. Numa confusão espasmódica e cega.

Sou pequenino. Sou um grão. Uma célula ovo.
E sigo perdido nesse cosmos de imperfeições humanas. Sou levado, arrebatado, espremido, execrado.

Como “folha seca caída no chão, que vai para onde o vento levar...”

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