Dividir-me?
Essa coisa tão insuportável de ser eu. De sentir o que só eu sinto. Ai, isso enche o saco da gente! Eu me olho no espelho e quero me dar uma voadora, meu! Porque tenho de ser tão complexo? Qual a serventia disso tudo? Gostaria de me dividir e surgir em outro corpo independente. Meio ficção científica, eu sei. Mas gostaria mesmo! Eu me largaria sozinho e fugiria em outro corpo. Deixaria a mim mesmo como a borboleta deixa o seu casulo, como os pintinhos deixam as cascas de ovos, como a cobra deixa sua pele. Correria para bem longe de mim. E tão difícil! Queria mesmo! Dividir-me em dois, três, quatro... Em quantos seres fossem necessários para me sentir em paz! Tão dúbio, tão múltiplo, tão contraposto! Isto é a loucura...
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