Janela
E assim que virei pra janela, as primeiras lágrimas
brotaram doídas no peito. O esforço enorme para não deixar aqueles estranhos me
verem chorar foi grande. Mais uma vez me permiti sofrer... O amor é uma droga!
Uma droga que todos querem se viciar, mas esquecem da dor que a dependência
causa... Deus, esse mundo é grande
demais! Grande pra eu ir encontrar meu amor longe. Pra perceber que o meu amor
não é exatamente meu amor. E sim um
ser individual com pensamentos e sentimentos diferentes dos meus. Por quê? O
mundo é tão grande pra que? Essas imagens que passam na minha janela não levam
meu amor embora. E todas essas luzes? Passam rápidas e não iluminam minha
razão. Pessoas, carros, trilhos, árvores, imensidão! E nessa imensidão eu
encontro o desprazer de me comprazer em um coração. Um coração em dúvidas que
não sei se preencherá as certezas do meu. Cidade-planeta! Ouça-me cidade! Porque
me deste a alegria infernal de amar assim? E agora o líquido salgado escorre
face oculta. Vendo luzes, trilhos, faróis... Porque meu amor tem os olhos tristes? Qual o
motivo guardado do seu silêncio? Do olhar vago e pensamento longe? Qual será o
motivo? E porque amo o meu amor do jeito que é? Frio que entra pela janela. Dê-me as
repostas!!! E dessa imensidão solitária
de mim, tiro a força necessária pra seguir. E eu sigo por pontes, viadutos,
avenidas e mares... Tudo pra trás! Só a memória vai comigo, como um fantasma,
um espírito assombrando meu coração. Porque meu amor está perdido? Porque em
todo o universo ele se perde? E porque diz ser feliz se sua felicidade é tão
triste? Tão sozinha? Tão egoísta? Mas eu sei do meu sorriso exterior. Eu sei
que o uso como escudo. E o mar salgado do meu rosto enfeita a janela... Como
dar auxílio a quem não quer? Através do amor? Deveria esperar? E o seu andar
languido me fascina... Um fascínio curto mais verdadeiro. Ah, me leve janela!
Leve-me na tua ferocidade veloz! Espalhe-me na tua imensidão! Na imensidão do
mundo. Traçando minha incoerência seguinte. Desfaço tudo dentro de mim. Reconstruindo
lentamente um novo motivo pra amar de novo. Reconstruindo uma esperança toda
nova. Pra talvez sofrer de novo...
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