Destino
- Acho que foi
destino...
- É verdade. Vai
ver aquele dia era mesmo pra eu ter saído de casa e ter te encontrado.
- É...
Fatos que ocorrem sem previsão e você fica se perguntando
como isso aconteceu tão certo? Sendo
acaso, destino, predestinação, ação divina ou não, essas coisas acontecem
perceptivelmente na nossa vida cotidiana. Eu acredito mais na questão ação divina. Acredito que Deus governa
todas as coisas. E que Ele escreva certo usando linhas tortas. Porque eu sou
uma “linha torta”.
Não quero fazer apologia à religiosidade com o meu texto.
Na realidade não sou uma pessoa religiosa e não gosto de religião. Pra mim Deus
e religião, são assuntos opostos. Há muito tempo que não acredito mais na
instituição chamada de Igreja, pelo menos não esse modelo que eu vejo
atualmente. Mas também não vou falar sobre isso.
O que quero dizer na realidade, é que mesmo estando longe
das práticas que condizem com uma conduta bíblica, não deixei de ter fé e
acreditar em Deus. E acredito que Ele usa meus erros para me fazer aprender a
crescer como pessoa. E depois que passei a viver, cresci no conhecimento do que
é amar e respeitar o ser humano mais do quando estava na Igreja. Porque amar
não é apenas uma liturgia morta, mas sim práticas efetivas.
Vamos simplificar as coisas!
Eu fui convidado a ir à formatura de Lalinha ontem. Ela
estava recebendo o grau de Assistente Social pela Universidade Federal Fluminense.
Sua formatura foi simples, bonita e me fez pensar bastante sobre o que é
sociedade. Viver em sociedade, respeitar
o indivíduo como sociedade, lutar contra o preconceito, incentivar a discussão
livre de ideias, lutar pela igualdade de direitos, lutar por uma educação
melhor no país (com uma grande dose de alusões a Greve das Universidades
Federais), lutar contra o materialismo, lutar contra o estresse causado pela
grande busca da autorrealização financeira e estética, promover a meditação e
os valores psico emocionais e espirituais. São apenas alguns tópicos que me
fizeram refletir sobre o mundo.
Já após a formatura, entrando no ônibus, notei algo
incomum. Tinha um homem com nariz de palhaço dentro do ônibus, me dando “boas vindas”
e dizendo que eu acabava de iniciar no espetáculo Stand Up Comedy in The Bus. Eu me lembro de ter rido e
sarcasticamente feito um comentário tipo “Ah, tá bom...”. Sentei e percebi a
classe, a singeleza e a qualidade teatral com que aquele homem usava para
ganhar o seu dinheiro. Nunca tinha visto isso! Surpreendentemente me vi em uma plateia,
sendo entretido com um bom enredo sem compromisso algum. Foi espontâneo,
simples e mágico. Você pode até pensar o
que os dois assuntos tem em comum com “destino”? Bem, apesar de estar
resumindo toda a história. Devo relatar que percebi o quanto era necessário
para o meu crescimento pessoal, sair do trabalho numa segunda-feira comum para
atender a um convite de formatura. Não esperava crescer em ideias e fervilhar
de emoções com aqueles discursos eloquentes sobre a vida. Não esperava me
sentir leve dentro de um ônibus às 21:46 (mais o menos) por causa de um louco e
desvairado trabalhador da arte, que usou tão bem aplicado o seu talento. Não
esperava crescer de um dia para o outro, com novos pensamentos borbulhando
frescos dentro de mim.
Se isso não é ação divina, eu não sei o que é. Pois eu
não esperava nada disso! Não foi programado, e apesar de não ter sido
sobrenatural e extraordinário. Foi exatamente o que eu precisava. Precisava de
uma reflexão maior sobre os assuntos da vida.
Agora volto à conversa inicial:
- Acho que foi
destino...
- É verdade. Vai
ver aquele dia era mesmo pra eu ter saído de casa e ter te encontrado.
- É...
E como não vou entrar em detalhes, vou dizer apenas que
sou grato. Grato porque conheci você por meio do “destino”.
Sinta-se (aonde quer que esteja) abraçado e amado...
A um leitor de algum lugar.
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