Birds and Songs...


Durante esse período onde eu tive minhas asas quebradas, percebi que não há nada que se compare com voar em direção ao céu. O meu tombo foi feio, fiquei muito tempo me sentindo sozinho naquela floresta escura.

Uma serpente, que eu já conhecia, veio me oferecer um pacote de presentes aparentemente atrativos, fingindo ser minha amiga, mas na realidade o que ela queria era me engolir vivo e satisfazer sua fome de mim.

A sorte é que quando eu estava prestes a ser devorado apareceram três pássaros, velhos amigos meus, para me incentivar e me ajudar.

O primeiro pássaro que apareceu foi o rouxinol. O meu pequeno amigo, de melodias doces e coração singelo, trouxe-me a alegria da sua companhia. Lembro-me quando ele me ensinou a não dar ouvidos aos enganos da serpente e ficar calmo. Trouxe-me presentes para preencher minha mente confusa e cheia de queixas.

O segundo pássaro foi a andorinha. Graciosa e cheia de vida. Veio voando toda serelepe, me disse que o mundo era muito mais que aquela velha floresta. E que os meus horizontes eram muito maiores dos que eu já tinha visto. Trouxe-me a alegria de ressuscitar os meus sonhos.

O terceiro pássaro foi a águia. Imponente e cheia de sabedoria. Foi ela quem me ensinou a olhar além do que eu estava acostumado a ver. Trouxe-me coragem e impulsionou-me a seguir em frente.

E os três pássaros juntos trouxeram para mim a vontade de buscar forças. A vontade de buscar ajuda para não ser devorado. E implorei por socorro ao único que eu sabia que podia me ajudar: o jardineiro.

Ali perto, naquela mesma floresta escura, num chalé de pedrinhas marrom-avermelhadas, morava um senhor idoso que era jardineiro. Todos os pássaros da região iam buscar refugio na sua pequena casa, pois ele alimentava e cuidava de todos os seres que precisavam de auxílio. Eu mesmo já havia visto um cervo ferido por um caçador, ser curado por esse sábio jardineiro, em menos de uma semana.  Sabia que só ele poderia me ajudar com as minhas asas.

Pedi ajuda a andorinha pra que ela me ajudasse a caminhar até o chalé. De bom grado a alegre e brilhante andorinha me apoiou em suas próprias asinhas e decidiu me ajudar durante todo penoso percurso. Porém, quando estávamos na metade do caminho, a serpente, muito astuta, se pôs a minha frente pronta para nos atacar. Quando fechei os olhos esperando a morte, senti um forte vento e um baque surdo. Era a águia que agarrara a serpente e com seu poderoso bico se punha a devorá-la. Aproveitamos para continuar nosso percurso. Mas a pequena andorinha estava cansada demais, pois eu era muito pesado, e parou para respirar um pouco. Quando decidi ir até o final mesmo rastejando sozinho, o rouxinol apareceu e apoiou-me em sua asa me ajudando a chegar até ao final do percurso.

Quando chegamos até o chalé do jardineiro, ele já estava nos esperando, rapidamente ele veio ao nosso encontro. Delicadamente me pegou em suas mãos e senti que, finalmente, estaria seguro e acreditei que ele iria me curar.

Depois de algumas semanas sendo cuidado por aquele senhor bondoso, minhas asas cicatrizaram e ficaram mais fortes.

Além de cuidar de mim, ele alimentou todos os meus amigos.

A andorinha, que tinha ido lá todos os dias me ver, tinha encontrado um bom galho para morar numa árvore muito frondosa, que havia no jardim daquele senhor.

A águia, sempre ia visitar o chalé quando voltava dos seus vôos mais altos e longínquos.

O rouxinol encontrou uma bela macieira para compor suas doces melodias.

E eu continuo voando, descobrindo as cores do céu e todo dia visito o jardineiro. Agora que nos tornamos amigos não saio mais da presença dele e me sinto bem quando ele me pega na sua bondosa mão.



23 de agosto de 2011

Dedicado a
Tia   Lucinha
Vandressa Borges
Ronald Pitoco
                                                

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